
Os referendos negacionistas à Constituição Europeia resultam de uma fraca operacionalização estratégica por parte dos eurocratas de Bruxelas. Para enviesar as escolhas, as possibilidades de resposta deveriam estar desagregadas: «sim» e «não» são conceitos demasiado dicotómicos e não foi para isso que germinou o Renascimento neste continente. Num boletim de voto atento às sensibilidades dos cidadãos, constariam quadrados vários. Permitir-se-ia até 12 apostas (duas duplas e uma tripla) pelo lado do não. E uma ideia unitária pelo lado do sim. Exemplifica-se:
não, porque sou fascista.
não, porque sou comunista.
não, porque sou _________ista [a preencher pelo próprio].
não, porque tenho conflitos de identidade.
não, porque gosto de criar blogues e assim tenho alguns meses de rambóia.
não, porque preferia antes expulsar o Tino de Rans.
não, legalize it.
não, porque há referendos mais urgentes (aos textos do EPC, por exemplo).
não, porque não consegui ler toda a constituição até hoje.
não, libertem Mumia Abu-Jamal.
não?
...
Maioria absoluta com uma aposta simples: mes amis, ainda há instituições europeias potenciadoras de consensos. Et Vive la République!
# escrito pelo dr. rotwang